Domingo, 02 de Fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 1 de fevereiro de 2025
As tarifas dos Estados Unidos sobre produtos importados do Canadá, México e China entram em vigor neste sábado, 1º. De acordo com o governo de Donald Trump, os itens de consumo trazidos dos países vizinhos serão taxados em 25%, enquanto os produtos chineses terão sobrecarga de 10% em impostos.
Em entrevista à imprensa, a porta-voz do governo estadunidense, Karoline Leavitt, afirmou que a medida é uma retaliação ao Canadá e ao México por ‘permitirem uma invasão ilegal de imigrantes’, enquanto a China foi atingida pelo ‘fentanil ilegal que forneceu e permitiu distribuir’ nos EUA.
Os anúncios geraram um ‘efeito cascata’, fazendo com que os governos atingidos se preparassem para os novos custos de exportação aos Estados Unidos. Justin Trudeau, primeiro-ministro canadense, prometeu retaliação: “Cada parte do nosso país seria impactada pelas potenciais tarifas dos EUA. Estamos todos prontos para emitir uma resposta nacional forte se necessário”, afirmou no X.
Trump, por sua vez, afirmou que não há nada que os países, os três principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, possam fazer para adiar a sobretaxação. As medidas, inclusive, integravam as promessas de campanha do republicano, durante a corrida eleitoral de 2024.
Possíveis consequências do “tarifaço”
Em um primeiro momento, o aumento das tarifas de importação e as políticas anti-imigração de Donald Trump podem intensificar a inflação nos Estados Unidos. O mercado também enxerga como risco às contas públicas a renúncia de impostos em favor de empresas privadas estadunidenses.
O cenário de incertezas também faz com que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, tenha dificuldades, no futuro, de controlar os preços, mantendo os juros elevados. Na última quarta-feira, 29, o órgãos ignorou a pressão de Trump e manteve os índices na faixa de 4,25% a 4,50%, ao ano.
Juros mais altos significam um maior rendimento dos títulos públicos norte-americanos, o que leva investidores a escoarem recursos aos EUA e, por consequência, provoquem o fortalecimento do dólar frente a outras moedas.
No Brasil, o Banco Central poderá elevar a taxa Selic por conta da fuga de capital, gerando impacto negativo na economia brasileira. Indiretamente, uma desaceleração da atividade econômica da China, principal parceiro comercial do Brasil, pode atingir o mercado nacional.
Ao considerar o cenário externo e fatores como o quadro fiscal brasileiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC confirmou, na quarta-feira, a elevação da taxa básica de juros brasileira em 1 ponto percentual (p.p.), para 13,25% ao ano.
Brasil na ‘berlinda’ e balanço de parceria comercial
No cerne das políticas de tributação e aumento de taxas de importações, Trump já citou o Brasil como um dos países que cobram muitas tarifas e que querem ‘prejudicar’ os Estados Unidos. Segundo o republicano, o governo estadunidense irá ‘colocar tarifas em países estrangeiros e em pessoas de fora que queiram nos fazer mal’.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu às falas do colega norte-americano e afirmou que adotará medidas de reciprocidade caso Trump confirme as políticas de impacto tarifário contra o Brasil: “Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são importados dos Estados Unidos. Não há nenhuma dificuldade”.
Atualmente, o Brasil importa mais do que exporta para os Estados Unidos, segundo o balanço comercial de 2024 elaborado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Entre janeiro e dezembro do ano passado, as exportações aos EUA cresceram 9,2% e chegaram a 40,33 bilhões de dólares, um recorde histórico.
Já as importações avançaram 6,9% e totalizaram 40,58 bilhões de dólares, em um déficit de 250 milhões de dólares. Dados tabulados pelo Monitor do Comércio Brasil-EUA da Amcham Brasil apontam que o volume exportado também alcançou níveis inéditos, com 40,7 milhões de toneladas, representando um aumento de 9,9% sobre 2023.
A Casa Branca ocupa a segunda colocação em exportações da balança comercial brasileira, com 14,95% do total, atrás apenas da China, com 21,10%. Ainda segundo análise da Amcham Brasil, o resultado de importações do Brasil de produtos dos Estados Unidos representaram o segundo maior volume da história, atrás apenas dos US$ 51,3 bilhões de 2022.
Veja, abaixo, quais são os principais produtos exportados e importados entre Brasil e Estados Unidos, segundo a Secex:
Exportações
Importações
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