Quinta-feira, 02 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 29 de dezembro de 2024
O governo americano provavelmente precisará começar a adotar “medidas extraordinárias” para evitar que os Estados Unidos entrem numa situação de calote da dívida pública, caso o Congresso não tome providências para aumentar ou suspender o limite de endividamento, alertou a secretária do Tesouro, Janet Yellen, numa carta enviada a congressistas na sexta-feira (27).
Yellen emitiu seu alerta sobre o limite da dívida — que define o valor máximo que os EUA estão autorizados a tomar emprestado para financiar o governo e cumprir suas obrigações financeiras — em um momento político tenso.
Os republicanos assumirão o controle de Washington no próximo mês, e o presidente eleito Donald Trump já pediu ao Congresso que abolisse o limite da dívida antes que ele busque avançar com uma nova rodada de cortes de impostos e outras prioridades de gastos.
O limite da dívida foi suspenso em junho de 2023, após uma negociação sobre os gastos federais, regras para receber benefícios do governo e o financiamento da máquina pública.
Essa suspensão está programada para expirar na quinta-feira (2), forçando o Tesouro a começar a adotar as chamadas medidas extraordinárias para permitir que o governo federal continue pagando suas contas.
Essas medidas são, essencialmente, manobras contábeis que impedem o governo de ultrapassar o limite da dívida. Elas podem incluir a suspensão de certos tipos de investimentos em planos de poupança para servidores públicos e planos de saúde para aposentados dos correios.
Os EUA, como a maioria dos países, tomam empréstimos para pagar suas contas e obrigações, incluindo o financiamento de programas de seguridade social, juros sobre a dívida nacional e salários para membros das forças armadas.
Se o governo americano não conseguir aumentar o limite da dívida, logo será incapaz de fazer muitos desses pagamentos, incluindo aos investidores que compraram títulos da dívida pública.
“Respeitosamente, peço ao Congresso que tome medidas para proteger a plena confiança e crédito dos Estados Unidos”, diz a carta de Yellen.
Ainda em janeiro
A secretária explicou que não estava exatamente claro quando o Tesouro teria que começar a adotar essas medidas, que normalmente incluem a restrição de certos investimentos governamentais, para evitar o calote.
Devido a um problema técnico relacionado aos investimentos federais, Yellen disse que o Departamento do Tesouro espera que as medidas extraordinárias precisem ser empregadas em algum momento entre 14 e 23 de janeiro.
Enquanto os legisladores negociavam, na semana passada, um projeto de lei sobre os gastos do governo, Trump complicou a situação ao fazer uma pressão de última hora para que levantassem ou eliminassem o limite da dívida.
A legislação acabou sendo aprovada, no último minuto, assegurando o financiamento do governo até meados de março. A votação encerrou, assim, uma sequência tumultuada de vários dias que contaram com o envolvimento do presidente eleito e do empresário Elon Musk.
Os republicanos há anos usaram o limite da dívida como alavanca para forçar os democratas a aceitarem cortes dolorosos nos gastos enquanto estavam no poder, então, a jogada de Trump colocou membros de seu próprio partido em uma posição difícil.
Limite de endividamento
Yellen, em 2021, chamou o limite da dívida de “destrutivo” e disse que deveria ser eliminado. Seu antecessor imediato como secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, que comandou a política econômica do primeiro governo Trump, expressou sentimentos semelhantes em 2017, quando o descreveu como um “conceito um tanto ridículo” que não limitava os gastos.
Trump sugeriu anteriormente que o teto de endividamento não era necessário e disse, na semana passada, que a “guilhotina do teto da dívida” deveria ser ou estendida ou terminada antes de ele assumir o cargo.
A dívida nacional excede US$ 36 trilhões, cerca de US$ 5 trilhões a mais do que era quando os legisladores suspenderam o teto, em 2023. Quando o limite da dívida for reinstaurado na quinta-feira, ele aumentará automaticamente de acordo com o valor da dívida incorrida desde essa suspensão.
O Centro de Política Bipartidária, organização sem fins lucrativos americana que trata de políticas públicas, projeta que as medidas extraordinárias não serão mais viáveis e que o país poderá realmente dar um calote na dívida, provavelmente, em algum momento em meados deste ano. As informações são do jornal O Globo.
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