Segunda-feira, 16 de Setembro de 2024

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O processo de se conhecer e se iluminar, de se afastar “das coisas obscuras que nos constroem” levou o cantor e compositor Tiago Iorc, de 36 anos, a mais uma das metamorfoses (que não foram poucas) em sua carreira de 15. Ele, que já foi cabeludo e já raspou a cabeça, e que começou seu caminho pela música cantando em inglês, ressurge com visual sóbrio, cantando em português e definitivamente brasileiro em “DARAMÔ”, seu sexto álbum de estúdio, que chega na quinta-feira (24) às plataformas de streaming.

O solar e apaixonado disco, gravado na Bahia, chega em seguida a “Masculinidade” (2021), single embebido em melancolia, um quase rap no qual Tiago faz um extenso mea culpa (“masculinidade frágil / coisa de menino / eu fui profano e sexo é divino / da minha intimidade, fui um assassino”). Segundo ele, sem antes ter cumprido a etapa dessa canção, não teria chegado ao “DARAMÔ”:

“No fim das contas, essa música fala mesmo é de uma necessidade de saúde emocional que eu percebi tanto em mim quando em outros homens. E quando quebrei essa casca, consegui ficar mais próximo dos meus amigos, a ponto de descobrir intimidades deles, de eles me confidenciarem abusos ou traumas. A melhor forma de a gente se conhecer é falar da gente mesmo.”

Durante a pandemia, Tiago (que nunca chegou a ser diagnosticado com depressão, mas admite ter tido “momentos de bastante melancolia na vida”) começou a fazer terapia — algo que nunca tinha experimentado antes, “por preconceito”.

“O homem tem essa dificuldade de lidar com os sentimentos. E liberar o que estava guardado dentro de mim permitiu que as coisas fossem mais fluidas”, explica. “Os anos de vida foram dando uma certa calmaria, uma certa tranquilidade. Sinto cada vez mais um processo criativo que vai além do meu ego, da minha existência. Fazer música é um dom, estou muito agradecido por ele.”

Da mesma forma que “DARAMÔ” não existiria sem “Masculinidade”, ele também não teria sido como foi sem a participação de Duda Rodrigues, companheira de Tiago há pouco mais de três anos. Ela foi sua parceira em 6 das 10 composições do disco, além de cantar na faixa “Você”.

“Esse álbum é um reflexo muito bonito desse nosso diálogo, que é muito vivo desde que a gente se conheceu. Tem essa beleza de a gente estar disposto a conhecer um ao outro, e tentar fazer dar a coisa certo. É um aprendizado eterno. Nesse processo pandêmico eu aprendi bastante sobre dar amor, foi um processo que eu vivi todo com a Duda”, derrete-se o artista.

Os dois passaram a pandemia numa casa de praia em Governador Celso Ramos (SC), num local isolado, com poucos moradores, a uma hora de Florianópolis. De lá, subiram para São Paulo e depois para a Bahia, para outra casa de praia, perto de Salvador, onde, ao longo de 10 dias em junho, Tiago e a sua banda gravaram “DARAMÔ”.

“Senti que seria bonito a gente ter um pouquinho de calor nas nossas vidas enquanto estávamos convivendo. A brisa, o mar, o sol, uma temperatura mais brasileira, não tão fria”, alega o artista. “O repertório é um apanhado de canções que vinham de dois, três anos, e de outras que foram compostas uma semana antes de a gente gravar. Elas têm bastante essa sensação de já estar na Bahia.”

“Saudade boa”, “Papinho”, “Quero você pra mim” e a própria faixa-título de “DARAMÔ” se movem num território suavemente dançante, entre a MPB de Djavan e de Gil e o pop internacional do topo das paradas, com melodias sedutoras de um hitmaker nato. A regravação voz-e-violão de “Ciumeira”, hit de Marília Mendonça, foi a faixa que antecipou o álbum na internet.

“Gosto que a síntese das canções que vão para as pessoas seja essa busca por algo muito pessoal, com uma musicalidade que possa reverberar nos corações das pessoas”, poetiza Tiago. “Esse é o álbum mais brasileiro que eu já fiz, estou descobrindo a cada ano a minha brasilidade, o meu gosto por esse processo lindo que é o Brasil, essa fusão maluca e essa explosão de musicalidade.”

Para quem começou a carreira cantando em inglês e, a partir do álbum “Troco likes” (2015, do hit “Amei te ver”), começou a se comunicar com o grande público brasileiro, era inevitável mergulhar num processo de busca da brasilidade, acredita o cantor:

“Estou me encontrando cada vez mais com o violão de (cordas de) nylon, o que é inédito no meu trabalho, minhas músicas eram sempre mais no violão de (cordas de) aço, elas tinham mais essa coisa do folk, eram mais retas. E agora estou descobrindo a percussividade da mão, o dedilhado, a síncope. Essa coisa mais Gilberto Gil e Djavan, da beleza do toque da mão direita.”

Tiago Iorc lança o que considera seu “álbum mais brasileiro”

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