Sexta-feira, 20 de Setembro de 2024

Home Brasil Tragédia ambiental: Amazônia se torna o maior emissor de gases de efeito estufa do planeta

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Em meio ao cenário de seca extrema e queimadas no Norte do país, dados do Copernicus, o programa de observação da Terra da União Europeia, indicam que o Sudoeste da Amazônia foi a região que mais emitiu gases de efeito estufa no planeta nos últimos cinco dias, segundo Lucas Ferrante, doutor em biologia e pesquisador da USP e da Universidade Federal do Amazonas. A conclusão é baseada no volume de aerossóis e de monóxido de carbono captado nessa área de emissão. Esses gases são associados aos que causam o efeito estufa na atmosfera, como o dióxido de carbono, que também é liberado nos incêndios.

“A região se tornou a maior emissora de gases de efeito estufa devido ao avanço do desmatamento e às queimadas”, alerta Ferrante, que pesquisa os efeitos da ação humana sobre a Amazônia há mais de uma década.

Os efeitos dessa emissão, se continuarem por um longo período, terão impacto por todo o planeta, segundo a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) Camila Silva e o professor de Economia na PUC-RS Gustavo Inácio Moraes, que estudou efeitos climáticos em sua tese de doutorado. Moraes ressalva que o cenário por enquanto é o resultado de uma temporada sazonal de queimadas, e apenas um período de muitos meses “poderia criar uma tendência mais alarmante”.

“Os gases liberados contribuem para o aquecimento global, que aumenta os níveis do mar, altera o clima. Além disso, espécies de fauna e flora desaparecem”, alerta Silva.

Estiagem severa

Com mais de 82 mil focos de incêndio de 1º de janeiro a 9 setembro deste ano, a Amazônia já alcançou o dobro de queimadas em relação ao mesmo período de 2023, e o número só não é maior do que os 85 mil pontos de fogo registrados em 2007, recorde da série histórica.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o município com mais focos de calor é São Félix do Xingu (PA), com 4.988 pontos. O prefeito João Cleber de Souza Torres (MDB) atribui a queimada à estiagem severa e ao costume da população de usar o fogo para preparar a roça.

“Tem muito fogo acidental e alguns podem ser criminosos. O pessoal põe fogo em pequenas roças e no quintal. A seca neste ano foi a mais severa, como não víamos desde a década de 1980. A última vez que choveu foi em maio”, disse.

O município abriga a Terra Indígena Apyterewa, onde o governo federal faz um trabalho de retirada de grileiros e garimpeiros. Agentes e brigadistas do Ibama estão combatendo as queimadas na reserva e, segundo a equipe, alguns invasores iniciaram uma queimada na área para impedir que os fiscais retirassem o gado. A denúncia foi levada à Polícia Federal, que já abriu neste ano outros 19 inquéritos para apurar incêndios criminosos na Amazônia e no Pantanal.

Na área do Parque Nacional do Jamanxim (PA), a situação também é dramática. Durante a noite, o fogo avançava com rapidez nas margens da BR-163. A fumaça provoca ardência nos olhos e dificulta a respiração. A reportagem testemunhou uma casa de madeira devorada pelas chamas, enquanto os motoristas desaceleravam na pista com medo de as labaredas atingirem os veículos.

No distrito do Jardim do Ouro, em Itaituba (PA), alguns bois foram para o meio da rodovia Transgarimpeira para escapar das chamas no pasto. O sol virou uma mancha avermelhada às 13h, com a fumaça espessa que cobria o céu. Na paisagem, subsistiam os troncos das castanheiras, que podem chegar a até 50 metros de altura, em meio ao mato rasteiro em cinzas. Araras-azuis e papagaios fugiam do calor em revoada, enquanto os buritis ardiam.

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