Segunda-feira, 10 de Março de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de março de 2025
Os turistas brasileiros lembram com nostalgia da época em que viajavam para a Argentina e se sentiam como milionários. Até 2023, com a desvalorização da moeda local, uma diária de hotel custava cerca de R$ 150, e um jantar em um restaurante sofisticado e premiado não ultrapassasse esse mesmo valor. Hoje, com a valorização de 40% do peso argentino, o país se tornou um dos destinos mais caros do mundo. Por isso, agora os brasileiros estão indo para o Chile. A maior oferta de passagens para o país andino fez os preços caírem de 15% a 20% em um ano, tornando o local uma alternativa cada vez mais atraente.
Só em 2024, o número de brasileiros viajando para o Chile atingiu um recorde de 787 mil visitantes, segundo dados do governo chileno. Esse volume representa crescimento de 61,9% em relação a 2023, quando o total foi de 485,9 mil.
Na Argentina, no entanto, a debandada foi geral. O número de visitantes de todas as nacionalidades caiu 18,5%, para 10,9 milhões de visitantes no ano passado. O Brasil continuou sendo o principal país emissor de turistas, com 20% do total. Mas a queda foi drástica: o total de visitantes brasileiros caiu de 632,1 mil em janeiro de 2024 para 134,8 mil no mesmo mês deste ano, ou seja, 78% a menos, conforme dados do Instituto Nacional de Estadística y Censos (Indec), da Argentina.
“Adoro a Argentina. Noivei lá. Queria muito ir novamente e apresentar Buenos Aires para as crianças, meus filhos. Mas do jeito que está nunca mais vou conseguir”, diz a especialista em logística aduaneira Fernanda Izidoro, de São Paulo.
Agora, Fernanda vai ao Chile esquiar, na estação de Chillán. Enquanto um pacote para Bariloche, na Argentina, custa hoje R$ 6,7 por uma semana, apenas com hotel e parte aérea, ela paga US$ 1 mil (cerca de R$ 5,8 mil) pela viagem de avião, hospedagem com jantar, café da manhã e os ingressos para esquiar inclusos. No ano passado, foi com um grupo de 88 pessoas da escola de seus filhos. Este ano, irá com o mesmo grupo. Mas há um detalhe: agora são 130 pessoas.
Passeando por Santiago
O publicitário Gabriel Borges também adorava a Argentina. O destino era uma viagem internacional curta e barata, que o ajudava a relaxar em feriados mais longos. “Cogitei ir no ano passado, mas as passagens estavam muito salgadas. Então resolvi ir para o Chile. Para Buenos Aires, iria pagar pelo menos 50% mais”, diz ele.
Nessa viagem, em dezembro de 2024, ele pagou R$ 1,5 mil pela passagem de São Paulo a Santiago. Um ano antes, ele lembra ter gastado, na mesma época, R$ 1,9 mil pelo mesmo trecho, numa viagem a trabalho. A queda de preço o animou tanto que Borges embarcou neste Carnaval novamente com a namorada para a capital chilena. “O Chile é agora a viagem internacional mais barata que existe. E Santiago é uma cidade bonita, segura e plana: é gostoso bater perna o dia todo porque tem muito verde, muitos parques”, diz ele.
Mais voos
Os preços aéreos caíram pelo aumento da oferta de voos nesse trecho. Só a companhia aérea Latam transportou mais de 2 milhões de passageiros nas rotas diretas ligando o Brasil ao Chile, um crescimento de 59% sobre o volume de 2023. O aumento na demanda fez a companhia aérea ampliar em 50% o número de voos entre os dois países na sua operação de janeiro e fevereiro de 2025, alcançando um total de quase 2,5 mil voos nesse intervalo.
Hoje, em média, um voo para a capital chilena custa 9% menos que nos últimos 12 meses, conforme levantamento do site de buscas Viajala.com.br. O preço médio da passagem de ida e volta caiu de R$ 1.539 para R$ 1.397, segundo o levantamento.
Parte cara
Mas nem tudo é barato no Chile. As hospedagens, em comparação com a Argentina, são, sim, menos custosas. Uma diária num hotel de quatro estrelas em Santiago sai a partir de R$ 294. Em Buenos Aires, não custa menos de R$ 340.
O problema é a comida. Embora os gastos com alimentação não cheguem nem perto dos preços de Buenos Aires, eles estão bem acima dos verificados no Brasil. Um hambúrguer Quarteirão com Queijo custa R$ 20 em qualquer McDonald’s de São Paulo. Em Buenos Aires, chega a R$ 41,66. Nas lanchonetes de Santiago, o valor é menor: R$ 30, mas ainda 50% mais caro que na capital paulista.
Nem mesmo isso afasta os brasileiros do Chile. Afinal, o destino concorrente, a Argentina, está bem mais caro. “Um lanche de rua, por exemplo, que custava 5 mil pesos em Buenos Aires há um ano e meio, hoje custa de 20 mil a 30 mil, ou seja, entre R$ 100 e R$ 150. É um padrão de preço dos países mais caros do mundo, como Suécia e Noruega”, diz Felipe Alarcón, diretor comercial do Viajala. As informações são do portal Estadão.
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