Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 29 de agosto de 2022
A mulher estava presa no assoalho de um Mercedes destroçado, inconsciente e lutando para respirar. O médico francês não fazia ideia de quem ela era e se concentrou em tentar salvá-la.
Vinte e cinco anos depois, Frederic Mailliez ainda está marcado pelo que aconteceu no túnel Alma, em Paris, em 31 de agosto de 1997 – e pela constatação de que ele foi uma das últimas pessoas a ver a princesa Diana viva. Nesta segunda, 29, o canal GNT exibe o documentário inédito A História de Diana. O filme, que faz parte da programação especial do canal em homenagem aos 25 anos sem a princesa, destaca a vida e o legado de um dos maiores ícones do século 20. Com direção de Jemma Chisnall, o documentário será exibido logo após o Papo de Segunda, à 0h.
“Sei que meu nome sempre estará ligado a esta noite trágica”, disse Mailliez, que estava voltando de uma festa quando se deparou com o acidente de carro. “Eu me sinto um pouco responsável por seus últimos momentos.”
Enquanto a Grã-Bretanha e os admiradores de Diana em todo o mundo lembram um quarto de século de sua morte, Mailliez relatou as consequências do acidente.
Naquela noite, Mailliez estava entrando no túnel quando viu um Mercedes fumegante quase partido em dois. “Eu caminhei em direção aos destroços. Abri a porta e olhei para dentro”, disse o médico.
O que ele viu: “Quatro pessoas, duas delas aparentemente mortas, sem reação, sem respiração, e as outras duas, do lado direito, estavam vivas, mas em estado grave. O passageiro da frente estava gritando, estava respirando. Ele poderia esperar alguns minutos. E a passageira, a jovem, estava de joelhos no chão da Mercedes, de cabeça baixa. Ela tinha dificuldade para respirar, precisava de ajuda rápida.”
Ele correu para o carro para ligar para os serviços de emergência e pegar uma bolsa respiratória.
“Ela estava inconsciente”, disse o médico. “Graças à minha bolsa respiratória (…) ela recuperou um pouco mais de energia, mas não conseguia dizer nada.”
Mais tarde, o médico descobriria a notícia – junto com o resto do mundo – de que a mulher que ele tratou era Diana, o tesouro nacional da Grã-Bretanha adorado por milhões.
“Sei que é surpreendente, mas não reconheci a princesa Diana”, disse Mailliez. “Eu estava no carro no banco traseiro dando assistência. Percebi que ela era muito bonita, mas minha atenção estava tão focada no que eu tinha que fazer para salvar sua vida, que não tive tempo de pensar, quem era essa mulher.Alguém atrás de mim me disse que as vítimas falavam inglês, então comecei a falar inglês, dizendo que era médico e chamei a ambulância”, disse. “Tentei confortá-la.”
Enquanto trabalhava, notou o flash de lâmpadas de câmeras, de paparazzi reunidos para documentar a cena. Um inquérito britânico descobriu que o motorista de Diana, Henri Paul, estava bêbado e dirigindo em alta velocidade para iludir os fotógrafos que os perseguiam.
Mailliez disse que não tinha “nenhuma censura” em relação às ações dos fotógrafos após o acidente. “Eles não me impediram de ter acesso às vítimas (…) Eu não pedi ajuda, mas eles não interferiram no meu trabalho.”
Os bombeiros chegaram rapidamente e Diana foi levada para um hospital de Paris, onde morreu algumas horas depois. Seu companheiro Dodi Fayed e o motorista também morreram.
“Foi um choque enorme saber que ela era a princesa Diana e que morreu”, disse Mailliez. Então a dúvida se instalou. “Fiz tudo o que pude para salvá-la? Fiz corretamente meu trabalho?”, ele se questiona. “Verifiquei com meus professores de medicina e com os investigadores da polícia”, disse o médico, e eles concordaram que ele fez tudo o que podia.
A data de 25 anos do acidente faz com essas memórias retornassem, mas elas também voltam “cada vez que eu dirijo pelo Túnel Alma”, disse o médico.
Enquanto Mailliez falava, de pé no topo do túnel, carros entravam e saíam correndo do pilar onde ela caiu, agora com um desenho em estêncil do rosto de Diana.
O monumento Chama da Liberdade nas proximidades tornou-se um memorial atraindo fãs de Diana de todas as gerações e nacionalidades. Ela se tornou uma figura atemporal de emancipação e um ícone da moda mesmo para os nascidos após sua morte.
Irinia Ouahvi, uma parisiense de 16 anos que visita o monumento, disse que conheceu Diana por meio de vídeos do TikTok e de sua mãe. “Mesmo com seu estilo, ela era feminista. Desafiou a etiqueta real, vestindo shorts de ciclista e calças casuais”, disse Ouahvi.
Francine Rose, uma holandesa de 16 anos que parou no memorial de Diana durante uma viagem de bicicleta em Paris, descobriu sua história graças a Spencer, um filme recente estrelado por Kristen Stewart. “Ela é uma inspiração porque estava evoluindo na família estrita, a família real, e só queria ser livre”, disse Rose.
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