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Por Redação Rádio Pampa | 17 de junho de 2022
A varíola dos macacos é uma doença viral transmitida de animais para humanos. O primeiro caso humano foi registrado nos anos 1970, na República Democrática do Congo. Mas o vírus foi descoberto em 1958 em um surto de macacos infectados – a doença recebeu seu nome por causa desse episódio. A origem do patógeno, no entanto, é atribuída a roedores.
“Esse vírus está circulando há décadas [na África] e pouca atenção foi direcionada a ele, infelizmente. Há centenas, se não milhares, de casos acontecendo lá”, afirmou a epidemiologista da OMS Maria Van Kerkhove, em vídeo institucional de 26 de maio.
O vírus circula só na África por causa dos animais locais. É limitado à África Ocidental e Central. Mas eventualmente casos são exportados para outros continentes. O primeiro episódio foi em 2003 nos Estados Unidos.
Naquele ano, 47 pessoas foram infectadas no país. Os casos começaram depois de contato com cães-da-pradaria, um roedor silvestre que havia sido introduzido em alguns lares como de estimação. Antes da venda desses roedores, eles permaneceram próximos de outros mamíferos importados de Gana que estavam infectados. Os animais comprados transmitiram a doença para seus donos e outros humanos.
Houve outros episódios em 2018, no Reino Unido, e em 2021, nos EUA. Mas esses eventos são raros. E todos os episódios foram mais controlados do que o atual, que já se alastra por quase 40 países.
“É o maior surto fora da África que se tem notícia. E está acontecendo de forma muito explosiva. Um número de casos muito alto em um período muito curto”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e doutor em microbiologia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Flávio Guimarães da Fonseca. Segundo ele, isso não era esperado pelo fato de o vírus não ser tão transmissível, como o coronavírus.
O primeiro caso do surto deste ano foi confirmado em 12 de maio no Reino Unido. Em pouco mais de um mês, o mundo já ultrapassou 400 infectados. A OMS havia afirmado em 21 de maio que esperava o aumento do número conforme a expansão da vigilância em países onde o vírus não costuma ser encontrado – devido ao alerta por causa do surto atual.
Diferenças
A varíola dos macacos tem origem animal (provavelmente de roedores), diferentemente da versão humana, que foi erradicada do mundo em 1980 depois de ampla vacinação global.
Os sintomas aparecem de cinco a 21 dias depois da infecção e duram de dois a quatro semanas. Os sinais iniciais são febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, linfonodos inchados e arrepios. De um a três dias depois do aparecimento da febre, surgem erupções cutâneas (manchas, lesões, ou bolhas com líquidos). Essas lesões geralmente começam no rosto e se espalham para outras partes do corpo. Podem variar de uma a centenas de erupções. É importante não retirar o tecido das lesões na pele. Isso pode piorar o quadro do paciente.
Transmissão
Pode se dar por meio de contato com animais, humanos ou superfícies contaminadas. O vírus entra no corpo por pele quebrada, olhos, nariz ou boca. Ele é transportado por meio de secreções respiratórias, sangue ou fluídos e partículas das lesões.
A transmissão, no entanto, é inferior à da covid. É necessário contato prolongado ou próximo. O vírus também pode ser transmitido pela placenta da mãe para o feto. Ela ainda pode se dar no contato próximo com lesões ou secreções respiratórias durante relações sexuais. Pessoas com sintomas e que viajaram no último mês para a África ou qualquer país com casos devem procurar atendimento médico imediatamente. O mesmo vale para aqueles que tiveram contato com casos suspeitos.
Tratamento
A vacina contra a varíola humana também é eficaz contra a doença e pode ser usada para controlar surtos. “As vacinas usadas durante o programa de erradicação da varíola também forneceram proteção contra a varíola dos macacos”, informou a OMS.
O imunizante já está sendo usado no Reino Unido e nos EUA. Contudo, o estoque mundial é pequeno. É improvável que seja realizada uma vacinação em massa.
O uso deve ser direcionado só em comunidades com casos da doença. No Brasil, o imunizante deixou de ser usado nos anos 1970. O antiviral tecovirimat foi licenciado pela Agência Europeia de Medicamentos.
Prevenção
É importante que pessoas e animais infectados fiquem isolados – sem contato com outras pessoas ou animais. A OMS orienta que o paciente permaneça de quarentena até que uma nova camada de pele tenha se formado por baixo das lesões na pele.
Elas irão formar crostas, que cairão e só depois a nova camada será formada. Ao ter contato com casos confirmados ou suspeitos, é necessário usar máscaras e lavar as mãos. Essas medidas também são recomendadas em aviões e aeroportos, por causa do contato com viajantes de países onde há casos da doença.
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