Domingo, 24 de Novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 1 de fevereiro de 2024
Estar acima do peso, como sabemos, é um dos fatores de risco para o coração. Mas será que o problema se limita apenas aos números que vemos na balança? Na verdade não. Nem sempre eles refletem a quantidade e a distribuição da gordura pelo corpo ou permitem prever suas consequências para a saúde. O fato é que a obesidade é uma doença grave, com complicações que se multiplicam.
Isso porque o excesso de gordura corporal está diretamente ligado ao funcionamento do nosso organismo.
Certos graus de obesidade podem comprometer seriamente órgãos como fígado, intestino, rins, pulmões e o coração, além de outros aspectos físicos e até emocionais.
Em alguns casos, apenas dietas, exercícios e até o uso de medicamentos não são suficientes. Dependendo do quadro é preciso buscar outras possibilidades, principalmente quando há agravantes. Muitas vezes nem mesmo as melhores intenções e fortes motivações são suficientes para as pessoas perderem peso. Em situações assim, a saída pode ser uma intervenção cirúrgica.
O começo
A grande maioria conhece ou ao menos já ouviu falar da cirurgia bariátrica, procedimento gastrointestinal que surgiu na década de 1990 como alternativa para quem sofre com a obesidade.
Em resumo, a bariátrica é um tipo de cirurgia no qual o sistema digestório é alterado para diminuir a quantidade de comida tolerada pelo estômago e/ou modificar o processo de digestão, de forma a reduzir as calorias absorvidas, facilitando a perda de peso.
As diretrizes definidas para sua realização são fundamentadas especialmente no IMC (índice de massa corporal), usado para apontar sobrepeso e obesidade, que tem como base de cálculo a relação entre peso e altura.
Em geral, a bariátrica se tornou uma opção para aqueles com obesidade grau 3 ou obesidade mórbida, ou seja, com IMC de 40 ou mais, que não apresentaram resposta ao tratamento clínico –para indivíduos com graus menores, IMC de 30 a 34,9 (obesidade grau 1) ou IMC de 35 a 39,9 (grau 2), o procedimento só é feito quando há sérios problemas de saúde associados.
Apesar de ser uma medida direta, ela não consegue, entretanto, dimensionar a concentração da gordura pelo corpo (as complicações mudam ou se agravam de acordo com essa localização).
Dentre os quadros mais preocupantes estão, por exemplo, o de pessoas em que a gordura fica acumulada, predominantemente, na região abdominal, e concentrada ao redor de órgãos internos – a chamada gordura visceral, que provoca o aumento da inflamação e dos níveis de lipídios no sangue.
Avanços importantes
É preciso reconhecer a importância da cirurgia bariátrica, que sem dúvidas salvou muitas vidas ao contribuir para o controle de várias doenças, melhora da qualidade de vida e a diminuição da mortalidade cardiovascular.
Contudo, com o conhecimento adquirido ao longo dos anos, diversos estudos e o avanço da medicina foi possível entender que as indicações desse tratamento cirúrgico não podem ser baseadas apenas no IMC e os resultados devem ir além da redução dos quilos na balança.
Bariátrica x metabólica
Assim surgiu o que chamamos hoje de cirurgia metabólica, ou seja, procedimentos usados para reverter a obesidade, mas que envolvem o tratamento conjunto de outras doenças, especialmente o diabetes tipo 2.
Entram ainda nessa lista a hipertensão arterial e a dislipidemia (presença de níveis elevados de lipídios – colesterol LDL e triglicerídeos – no sangue), problemas que juntos dão origem a síndrome metabólica.
Uma condição caracterizada pela combinação de fatores de risco (a presença de pelo menos três) que aumentam significativamente os riscos de desenvolvimento e a ocorrência de distúrbios, doenças e eventos cardiovasculares, como problemas no ritmo cardíaco (arritmias), doença arterial coronária, infarto ou AVC.
Portanto, apesar de ambas envolverem procedimentos cirúrgicos semelhantes, a diferença entre as duas é que:
A bariátrica tem como foco particularmente a perda de peso.
A cirurgia metabólica visa o controle da síndrome, com metas que envolvem, além da obesidade, a contenção também de comorbidades (condições crônicas múltiplas ou condições coexistentes) em segundo plano.
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